segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Crescem denúncias de violência contra crianças e adolescentes

Chega a ser contraditório comemorar o aumento de denúncias de violência contra crianças e adolescentes. No entanto, nada pode ser melhor para essa parcela indefesa da população. E dois canais muito eficazes para isso, o disque 100, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), e o Disque 181, do Instituto São Paulo Contra a Violência, têm recebido cada vez mais ligações de pessoas que não toleram tais abusos.

O Disque 100, por exemplo, somou mais de 100 mil encaminhamentos dos mais de 2 milhões de atendimentos feitos desde sua criação, em 2003. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, o serviço realizou 131.287 atendimentos e recebeu e encaminhou 17.009 denúncias.

A procura pelo serviço tem crescido a cada ano. Se há seis anos eram 12 denúncias por dia, em 2008 passaram a 89 e até junho deste ano, a média é de 94, diariamente. Além de casos de violência sexual, o Disque 100 recebe informações sobre tráfico de crianças e adolescentes, maus-tratos, negligência, entre outros abusos.

Entre 2003 e junho de 2009, 35% das denúncias eram de negligência, 34% de violência psicológica e física e 31% de violência sexual. Do total de casos de violência sexual, 58,71% tinham a ver com abuso sexual e 39,64% com exploração sexual.

"Ninguém comemora uma denúncia, até porque ela surge de algum sofrimento, de um crime. Mas a gente fica satisfeito por conseguir essas informações que visam sobretudo a proteção. As pessoas estão se incomodando mais", afirma Leila Paiva, coordenadorado Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes da SEDH.

Segundo ela, esses números são a prova de que a população não tolera mais a violência sexual contra crianças e adolescentes. "Essas 100 mil denúncias foram encaminhadas e as vítimas atendidas. Não só na perspectiva da responsabilização, mas na perspectiva do enfrentamento".

A maior parte das denúncias é contra meninas: 62%. Esse número sobe para 81% quando as denúncias são de violência sexual, que abrange exploração sexual (83%), tráfico de crianças e adolescentes (81%), abuso sexual (79%) e pornografia (70%).

ENCAMINHAMENTOS

Leila explica que as informações são repassadas em até no máximo 24 horas e as urgentes são transmitidas de imediato. De acordo com a coordenadora, a partir dos telefonemas, os órgãos acionados são promotorias de justiça, conselhos tutelares, polícias Civil e Militar, conselhos municipais e estaduais de direitos da Criança e do Adolescente, Núcleo de Enfrentamento da Violência.

Os dados da secretaria foram divulgados no mês passado, durante um seminário, em Brasília (DF). Leila explica que o serviço está em fase de aprimoramento, pois em breve funcionará um novo sistema de banco de dados das denúncias.

O objetivo, diz Leila, é facilitar o mapeamento de regiões críticas. "Com mais informações podemos detectar e agir regionalmente em focos de exploração sexual de meninos e meninas".

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